quinta-feira, 26 de março de 2009

Dramas/Teatros relacionados com Inês de Castro

"A Castro" - António Ferreira
Tragédia "Inês" - Manuel de Figueiredo
"La Reine Morte" - Henri de Montherlant
"A Morta" - Henrique Lopes de Mendonça
Ópera "Inês de Castro" - James MacMillan

Músicas alusivas a Inês de Castro

Bailado "A Lenda de Inês" - Almada Negreiros
Bailados e Ópera - Rui Coelho

Pinturas alusivas a Inês de Castro

Estátua Jacente - Mosteiro de Alcobaça
Estátua de Inês - Hotel Inês, Coimbra

Estátua por Cutileiro - Quinta das Lágrimas

Busto por Irene Martins - Escola

Pinturas, por Columbano, Vieira Portuense, Francisco Metrass, Acácio Lino, Mário Silva, Lima de Freitas.

Entre outros.


A terrível vingança

Ao tomar conhecimento da morte de Inês, o príncipe D. Pedro arrebatou de cólera e raiva. O seu temperamento intempestivo reagiu com a ferocidade de um tigre ferido. Chamou às armas nobreza e povo de sua confiança, levantou Trás-os-Montes e Douro pela sua causa e desafiou o rei, seu pai, para uma guerra. Felizmente, a intervenção da rainha D. Beatriz conseguiu evitar o pior e levou os contendores à Paz de Canavezes, nos arredores do Porto. As promessas que fez de perdão aos seus inimigos depressa as esqueceu D. Pedro quando subiu ao Trono, no ano de 1357.
O ódio que tinha aos conselheiros atirou-os para o calabouço da prisão; escapou ,por sorte, Diogo Lopes Pacheco, que fugiu a tempo para terra de França.
A vingança foi consumada nos paços de Santarém. D. Pedro mandou amarrar as vítimas, cada uma a seu poste de suplício, enquanto os cozinheiros de sua Corte preparavam um lauto banquete de cerimónia. O rei não poupou requintes de horror no castigo implacável. Mandou o carrasco tirar a um o coração pelas costas e a outro o coração pelo peito. Por fim, como sentisse que não bastava a tortura tremenda, ainda teve coragem para trincar aqueles corações que, para ele, seriam malditos para sempre.

Funeral de Inês de Castro

O senhor D. Pedro resolveu fazer a homenagem merecida a Dona Inês, rainha de Portugal. Ordenou então, a transladação dos restos mortais de Coimbra para o túmulo de Alcobaça. Foi um cortejo fúnebre de imponência nunca vista; pela estrada fora, por entre povo do campo que vinha chorar à berma do caminho, seguia a multidão de gente, com círios acesos, a melhor fidalguia do Reino, senhores e senhoras, a cavalgar corcéis, a passo solene, membros do clero e burgueses, todos em traje de pesar doloroso. Ao longo da viagem, a perda da rainha foi pranteada por grupos de carpideiras que soltavam gritos lancinantes e entoavam melodias plangentes; viam-se homens com cinza na cabeça, de cabelos rapados e sem barba, na expressão pública do luto. Escudeiros vestidos de estamenha crua transportavam a urna com o ataúde de Inês, carregando aos ombros os varais escuros, precedidos de alferes com pendões abatidos. Na frente do préstimo, um franciscano segurava uma enorme cruz de pinho. No transepto da igreja de Alcobaça, D. Pedro disse o último adeus à esposa. Nunca houvera paixão assim! Até nasceu a lenda de que o rei se desvairou a ponto de fazer coroar Inês, depois de morta, e obrigar a nobreza a beijar-lhe a mão de rainha.

terça-feira, 24 de março de 2009

Esculturas


Túmulos de Inês de Castro e D. Pedro

Livros relacionados com Inês de Castro

  • "Trovas à morte de Inês de Castro", de Garcia de Resende
  • "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões
  • "A Castro", de António Ferreira
  • "Adivinhas de Pedro e Inês", de Agustina Bessa-Luís
  • "O amor infinito de Pedro e Inês", de Luís Rosa
  • "Inês de Portugal", de Joaõ Aguiar
  • Para mais informações consultar o site http://www.eps-ines-castro.rcts.pt/Ines/obras_ines.htm

Espaços/Edifícios relacionados com Inês de Castro



Quinta das Lágrimas: situa-se na margem direita do rio Mondego, Portugal. Diz a lenda que o sangue derramado por Inês, quando foi morta, ainda lá está.
Mosteiro de Alcobaça: situa-se em Alcobaça, distrito de Leiria. Foi considerado como Património da Humanidade pela UNESCO, foi eleito uma das sete maravilhas de Portugal.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Inês de Castro, Rainha depois de morta

Inês, da importante família castelhana Castro, veio a Portugal como dama de companhia da princesa Constança, esposa de d. Pedro, herdeiro do rei Afonso IV (1291-1357). D. Pedro apaixonou-se loucamente por Inês, com quem teve filhos, mesmo ainda casado com a princesa Constança. A ligação entre D. Pedro e Inês não foi bem vista por d. Afonso IV, temeroso do envolvimento de seu filho em manobras em favor de Castela pela família de Pérez de Castro, pai de Inês (o conflito entre Portugal e Castela, ou seja, a Espanha, remonta à fundação de Portugal, nascido de um desmembramento do território castelhano; Castela sempre almejou reintegrar esse território). Estimulado por seus conselheiros, d. Afonso IV decidiu pela morte de Inês, degolada quando d. Pedro se achava caçando fora de Coimbra, onde vivia o casal. Mesmo após a morte da princesa Constança em 1435, d. Pedro, viúvo, rejeitou diversos casamentos, embora politicamente convenientes. Quando se tornou rei, d. Pedro ordenou a exumação do cadáver e coroou Inês como rainha. Camões imortalizou a história de amor entre d. Pedro e Inês de Castro, rainha depois de morta (Os Lusíadas, canto III, estrofes 118-135, de 1572). Antes de executada, Inês (registou Camões) chegou a pedir ao rei para, em vez da sentença de morte, desterrá-la e colocá-la entre leões e tigres, onde, certamente encontrando a piedade não achada entre os homens, poderia criar os filhos, recordações do pai e consolação da mãe. O Amor, áspero e tirano, não mitiga sua sede com lágrimas tristes e exige o sangue humano. Inês, só por ter sujeito o coração a quem soube vencê-la, foi tirada do mundo para matar o fogo aceso do firme amor de D. Pedro. Amor é fogo e arde, embora não se possa vê-lo. Amor é nunca contentar-se de contente. Amor é querer estar preso por vontade.

A segunda bênção nupcial
D. Pedro e Dona Constança receberam a bênção do casamento na Sé de Lisboa, em 1336. O momento mais solene foi na Sé de Lisboa, onde o arcebispo deu aos noivos a bênção nupcial. Para todos era de júbilo aquela hora feliz.D. Afonso IV e a rainha Dona Beatriz, sua mulher, sentiam especial contentamento por verem o jovem filho esposo de uma senhora que não seria certamente estéril como Dona Branca de Castela com quem, pela primeira vez, casara o Infante.Tinham fé em Deus que a Dona Constança seria a mãe carinhosa de seus netos.

Cronologia

1320: Em Coimbra, a 8 de Abril, nasce o príncipe D. Pedro, filho de D. Afonso IV, rei de Portugal.
1340: D. Afonso IV participa na batalha do Salado ao lado de Afonso XI de Castela, é a vitória decisiva da cristandade sobre a moirama da Península Ibérica. Inês de Castro, dama galega, vem para Portugal no séquito de D. Constança, noiva castelhana de D. Pedro; paixão adúltera e fulminante de Pedro por Inês.
1345: Nasce D. Fernando, filho de D. Constança e de D. Pedro. 1349 ?: Morte de D. Constança.
1354: Influenciado pelos Castro (irmãos de Inês), D. Pedro mostra-se disposto a intervir nas lutas dinásticas castelhanas.
1355: A 7 de Janeiro, com o consentimento d’el-Rei D. Afonso IV, nos paços de Santa Clara (Coimbra) Diogo Lopes Pacheco, Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves degolam Inês de Castro; revolta de D. Pedro contra o pai.
1357: Morte de D. Afonso IV; D. Pedro sobe ao trono e manda executar os assassinos de Inês de Castro.
1361: Do Mosteiro de Santa Clara (Coimbra) para o Mosteiro de Alcobaça, D. Pedro I manda trasladar os restos mortais de Inês de Castro.
1367: A 18 de Janeiro morre D. Pedro I, em Estremoz.

História de Inês de Castro e D. Pedro

Inês de Castro era filha natural de Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do rei Afonso XI de Castela, e de uma dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. O seu pai, neto por via ilegítima de Sancho IV de Castela, era um dos fidalgos mais poderosos do reino de Castela.
Em 1339 teve lugar o casamento do principe Pedro
, herdeiro do trono português com Constança Manuel, filha de João Manuel de Castela, príncipe de Vilhena e Escalona, duque de Penafiel, tutor de Afonso XI de Castela, «poderoso e esforçado magnate de Castela», e neto do rei Fernando III de Castela. Mas seria uma das aias de Constança, D. Inês de Castro, por quem D. Pedro viria a apaixonar-se. Este romance começou a ser comentado e mal aceito na corte e pelo próprio povo.

D. Pedro I de Portugal, cognominado o Cruel, o Cru, o Vingativo e o Justiceiro devido à sua actuação contra os assassinos de D. Inês
Sob o pretexto da moralidade, rei D. Afonso IV não aprovava esta relação, não só por motivos de diplomacia com João Manuel de Castela, mas também devido à amizade íntima de D. Pedro com os irmãos de D. Inês – Fernando de Castro e Álvaro Pirez de Castro. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. Assim, em 1344 o rei mandou exilar Inês no castelo de Albuquerque, na fronteira castelhana. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês que, segundo a lenda, continuavam a corresponder-se com frequência.
Em Outubro do ano seguinte, Constança morreu ao dar à luz o futuro rei Fernando I de Portugal. Viúvo, Pedro mandou Inês regressar do exílio e os dois foram viver juntos em sua casa, o que provocou grande escândalo na corte, para enorme desgosto de El-Rei seu pai. Começou então uma desavença entre o rei e o infante.
D. Afonso IV tentou remediar a situação casando novamente o seu filho com uma dama de sangue real. Mas Pedro rejeitou este projecto, alegando que sentia ainda muito a perda de sua mulher Constança e que não conseguia ainda pensar em novo casamento. No entanto, fruto dos seus amores, Inês foi tendo filhos de D. Pedro: Afonso em 1346 (que morreu pouco depois de nascer), João em 1349, Dinis em 1354 e Beatriz em 1347. O nascimento destes, veio agudizar a situação: Durante o reinado de D. Dinis, D. Afonso IV sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono devido aos filhos bastardos do seu pai. Agora circulavam boatos de que os Castros conspiravam para assassinar o infante D. Fernando, herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para os filhos de Inês de Castro.
Entretanto, o reino de Castela encontrava-se em grave agitação com a morte de Afonso XI e a impopularidade do reinado de D. Pedro I de Castela, cognominado o Cruel. Os irmãos de Inês sugeriram a Pedro que juntasse os reinos de Leão e Castela a Portugal, uma vez que o príncipe português era, por sua mãe, neto de D. Sancho IV de Castela. Em 1354 convenceram-no a pôr-se à frente da conjuração, na qual Pedro se proclamou pretendente às coroas castelhana e leonesa. Foi novamente a intervenção enérgica de Afonso IV de Portugal que evitou que tal sucedesse. O rei mantinha uma linha de neutralidade, abstendo-se de intervir na política de outras nações, o que lhe permitia paz e respeito com os reinos vizinhos.