segunda-feira, 23 de março de 2009

Inês de Castro, Rainha depois de morta

Inês, da importante família castelhana Castro, veio a Portugal como dama de companhia da princesa Constança, esposa de d. Pedro, herdeiro do rei Afonso IV (1291-1357). D. Pedro apaixonou-se loucamente por Inês, com quem teve filhos, mesmo ainda casado com a princesa Constança. A ligação entre D. Pedro e Inês não foi bem vista por d. Afonso IV, temeroso do envolvimento de seu filho em manobras em favor de Castela pela família de Pérez de Castro, pai de Inês (o conflito entre Portugal e Castela, ou seja, a Espanha, remonta à fundação de Portugal, nascido de um desmembramento do território castelhano; Castela sempre almejou reintegrar esse território). Estimulado por seus conselheiros, d. Afonso IV decidiu pela morte de Inês, degolada quando d. Pedro se achava caçando fora de Coimbra, onde vivia o casal. Mesmo após a morte da princesa Constança em 1435, d. Pedro, viúvo, rejeitou diversos casamentos, embora politicamente convenientes. Quando se tornou rei, d. Pedro ordenou a exumação do cadáver e coroou Inês como rainha. Camões imortalizou a história de amor entre d. Pedro e Inês de Castro, rainha depois de morta (Os Lusíadas, canto III, estrofes 118-135, de 1572). Antes de executada, Inês (registou Camões) chegou a pedir ao rei para, em vez da sentença de morte, desterrá-la e colocá-la entre leões e tigres, onde, certamente encontrando a piedade não achada entre os homens, poderia criar os filhos, recordações do pai e consolação da mãe. O Amor, áspero e tirano, não mitiga sua sede com lágrimas tristes e exige o sangue humano. Inês, só por ter sujeito o coração a quem soube vencê-la, foi tirada do mundo para matar o fogo aceso do firme amor de D. Pedro. Amor é fogo e arde, embora não se possa vê-lo. Amor é nunca contentar-se de contente. Amor é querer estar preso por vontade.

A segunda bênção nupcial
D. Pedro e Dona Constança receberam a bênção do casamento na Sé de Lisboa, em 1336. O momento mais solene foi na Sé de Lisboa, onde o arcebispo deu aos noivos a bênção nupcial. Para todos era de júbilo aquela hora feliz.D. Afonso IV e a rainha Dona Beatriz, sua mulher, sentiam especial contentamento por verem o jovem filho esposo de uma senhora que não seria certamente estéril como Dona Branca de Castela com quem, pela primeira vez, casara o Infante.Tinham fé em Deus que a Dona Constança seria a mãe carinhosa de seus netos.